Comprar um Imóvel: Decisão ou Emoção?

Comprar um imóvel sempre foi o sonho dourado de muitos brasileiros. Afinal, quem não quer colocar aquela placa de “Lar Doce Lar” na entrada? Contudo, a decisão de adquirir um imóvel é um dos maiores dilemas financeiros que enfrentamos. Então, antes de sair visitando apartamentos, vamos explorar esse tema com muita clareza.

Por que comprar um imóvel é tão importante para o brasileiro?

Nós, brasileiros, temos uma relação emocional com a casa própria. Ela simboliza segurança, estabilidade e, claro, um status invejável. Ademais, é comum ouvirmos frases como: “Pagar aluguel é jogar dinheiro fora” ou “Quem casa, quer casa”.

Entretanto, é preciso analisar se essa visão ainda faz sentido nos dias atuais. A mentalidade de comprar um imóvel pode ser fruto de uma época em que a inflação galopante devorava economias e a casa própria era um dos únicos meios de proteger o patrimônio. Hoje, entretanto, existem outras formas de investimento igualmente interessantes.

Comprar um imóvel ou investir o dinheiro?

Aqui surge um debate quentíssimo: comprar um imóvel ou investir o dinheiro? A resposta, claro, depende de cada caso. Vamos comparar duas situações.

  • Cenário 1: Você tem R$1 milhão na conta – Se você tem uma boa quantia para comprar um imóvel à vista, pode ser vantajoso investir , como em um fundo imobiliário (FIIs), por exemplo, e com o dinheiro dos rendimentos, muitas vezes é possível pagar um aluguel em um bom imóvel e ainda lhe sobrar um bom dinheiro para reinvestir. Com isso, você terá rendimento mensal e flexibilidade para diversificar os investimentos. Entretanto, quem sabe você encontre uma oportunidade única de compra? A decisão depende das metas e do apetite ao risco. Por exemplo, imagina que você encontra um imóvel bem localizado por um bom preço. Talvez nesse caso, para você naquele momento, valha mais a pena comprar um imóvel do que deixar o dinheiro rendendo.
  • Cenário 2: Você mora de aluguel e não tem grandes reservas – Nesse caso, pagar um financiamento com parcelas equivalentes ou menores que o aluguel pode ser vantajoso. Principalmente porque, ao final do contrato, você terá um bem que poderá ser vendido ou alugado. Por outro lado, é crucial considerar taxas de juros e custos extras, como o ITBI e escritura.

Como diz Eduardo Feldberg em seu livro Deixe de Ser Pobre!: “Mais importante que o que você compra, é o que você deixa de perder.”

 

Youtubers e o dilema de comprar um imóvel

O debate sobre comprar um imóvel ou investir ganhou novos contornos com influenciadores digitais. Natalia Arcuri, famosa pelo canal Me Poupe!, e o Primo Rico, inicialmente, eram grandes defensores da ideia de investir o dinheiro ao invés de colocá-lo em um imóvel. Segundo eles, ao investir, é possível multiplicar o capital e garantir mais liberdade financeira. Contudo, o Primo Rico recentemente surpreendeu seus seguidores ao adquirir uma mansão de R$40 milhões com a atual esposa, justificando que essa compra atendia aos seus novos objetivos de vida. Por outro lado, criadores como o Primo Pobre e a Nati Finanças defendem a aquisição de um imóvel, especialmente para quem tem uma renda menor. Eles destacam que, para muitas pessoas, sair do aluguel pode representar estabilidade e até economia, pois as parcelas do financiamento muitas vezes são mais baratas que o aluguel mensal e ao final do financiamento, como já dito, você terá um imóvel que poderá ser revendido, alugado, ou simplesmente, não terá mais um aluguel a ser pago.

Esses discursos, embora contrastantes, evidenciam como a escolha depende do perfil financeiro e das prioridades de cada um. Ademais, é essencial considerar as nuances de cada situação: enquanto para alguns, a liberdade de não estar preso a um financiamento é prioridade, para outros, a segurança de ter um teto próprio supera qualquer outro fator, fora os fatores financeiro já citados.

A Selic e as taxas de juros: como influenciam a compra de imóveis

A decisão de comprar um imóvel, tanto para quem pensa nesse imóvel como um investimento ou como apenas a sua moradia, também está intimamente ligada às taxas de juros. Em um cenário de Selic alta, os financiamentos ficam mais caros, o que exige mais cautela. Por outro lado, quando a Selic está baixa, os juros tornam-se mais atrativos, e o mercado imobiliário ganha fôlego.

Selic Alta – O caminho das pedras

Se a Selic está alta, os juros cobrados pelos bancos também aumentam. Então imagine a Selic como um termômetro. É como se você fosse ao banco e ele dissesse:
“Olha, Fulano, estamos com muito calor aqui, a economia está acelerada, então vou precisar te cobrar um valor maior para te emprestar o dinheiro.”

Assim,  um imóvel de R$ 500.000 que você planeja financiar pode acabar saindo, no final das contas, por algo como R$ 800.000, porque os juros ao longo dos anos vão pesar muito no bolso.

Além disso, quando a Selic está alta, os investimentos mais conservadores, como o Tesouro Selic, ficam mais atrativos. Isso faz com que muitas pessoas optem por deixar o dinheiro rendendo em vez de investir em imóveis. Resultado? O mercado imobiliário tende a esfriar, os preços podem estabilizar ou até cair, mas o custo do financiamento continua alto.

Selic Baixa – Festa na economia

Agora, imagine que a Selic despenca, como num toboágua. Com a taxa menor, os juros cobrados pelos bancos também caem. É como se o gerente dissesse:
“Fulano, a gente tá com uma brisa fresca na economia, então vou facilitar a sua vida. Os juros vão ser bem menores.”

No mesmo imóvel de R$ 500.000, o custo total do financiamento pode cair para algo como R$ 600.000, porque os juros cobrados no longo prazo serão muito mais baixos.

Além disso, com a Selic baixa, investir em renda fixa se torna menos atrativo. As pessoas começam a procurar alternativas, como imóveis, seja para morar ou investir. A demanda no mercado imobiliário sobe e, em alguns casos, os preços dos imóveis também aumentam.

Então, antes de assinar o contrato, faça as contas! Considere as taxas embutidas no financiamento e não se deixe levar apenas pelo valor da parcela.

Em suma…

Comprar um imóvel é uma decisão que mistura coração e razão. Antes de dar esse grande passo, avalie seu momento de vida, objetivos e, claro, o bolso! Primordialmente, lembre-se: o que é bom para um pode não ser ideal para outro. E você, já sabe o que fazer?

 

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